"A
conquista da Terra, o que na maior parte significa tirá-la daqueles que
têm uma fisionomia diferente ou narizes ligeiramente mais achatados do
que os nosso, não é uma coisa bonita quando você olha demais para ela. (...)"
"Recordo
que, certa vez, encontramos um barco de guerra ancorado na costa. Não
havia sequer um barraco lá, e estava bombardeando a mata. Aparentemente,
os franceses estavam empenhados em mais uma de suas guerras pelos
arredores. Seu pavilhão drapejava flácido como um trapo.; as bocas dos
canhões de seis polegadas estendiam-se à frente ao longo de todo o casco
inferior; as ondas densas e escorregadias
balançavam-no preguiçosamente para cima e para baixo, fazendo oscilar
seus finos mastros. Na imensidão vazia de terra, céu e mar, lá estava
ele, incompreensível, bombardeando o continente. Bum!, soava uma das
armas de seis polegadas; uma chama breve dardejava e esmaecia,
desprendendo uma fumacinha branca que logo desaparecia, um projétil
diminuto dava um fraco estalido - e nada acontecia. Nada poderia
acontecer. Havia um toque de insanidade no procedimento, uma sensação de
comicidade lúgubre no que estava se passando, E não se dissipou quando
alguém a bordo assegurou-me sinceramente de que havia ali um acampamento
de nativos - chamava-os de inimigos! - oculto em algum ponto da selva.(...)"
O Coração das Trevas, Joseph Conrad.